Componente 2 – Eficiência e qualidade na saúde
As ações para melhoria do acesso e mais qualidade aos serviços de saúde incluem contratações de sistemas para ampliar as capacidades institucionais da secretaria municipal da Saúde de São Paulo.
Os mecanismos de facilitação operacional envolvem sistemas de gerenciamento de suprimentos, gerenciamento de contratos administrativos e o Sistema Integrado de Controle e Avaliação de Parcerias (Sicap).
O Sistema de Gerenciamento da Rede de Urgências e Emergências possibilitou a implantação do protocolo informatizado de Classificação de Risco de Manchester em 61 equipamentos municipais de Urgência e Emergência.
Entre os sistemas de gestão administrativa, foram criados três mecanismos de facilitação operacional: sistemas de gerenciamento de suprimentos; gerenciamento de contratos administrativos; e o Sistema Integrado de Controle e Avaliação de Parcerias (Sicap).
As ações deste componente também envolvem a realização de 3.650 capacitações nos temas: Liderança; Teleassistência; Classificação de Risco Manchester; e Qualidade.
A qualificação da rede contou com o desenvolvimento do Sistema de Gerenciamento da Rede de Urgências e Emergências.
O protocolo informatizado de Classificação de Risco de Manchester foi implantado em 61 equipamentos municipais de Urgência e Emergência, com as capacitações de profissionais (classificadores e auditores). Isso permitiu a integração em “tempo real” das principais portas da rede de atendimento às urgências e emergências com padrão de referência internacional.
O Protocolo de Classificação de Risco de Manchester é reconhecido mundialmente e utiliza cores para identificar o grau de risco de cada paciente a ser atendido conforme a gravidade.
Modernização e inovação
O planejamento das ações da área de tecnologia levou em conta as necessidades tanto da gestão propriamente de toda a rede pública municipal na atenção à saúde, quanto na oferta de facilidades para os usuários dos serviços; na busca por profissionais de saúde, como na rede de entrega de medicamentos e nos locais de vacinação.
No âmbito da gestão, por exemplo, os contratos administrativos da SMS, com prestadores de serviços ou fornecedores de suprimentos careciam de uma otimização da logística de distribuição, medição do consumo, da reordenação do fluxo de produtos.
E também de uma centralização das compras para distribuição às unidades de saúde.
Por outro lado, havia, ainda, a gestão dos contratos com as Organizações Sociais de Saúde (OSS).
A equipe responsável pelo setor tecnológico do Avança Saúde SP formatou um sistema para auxiliar a gestão desses contratos desde as responsabilidades e tarefas das OSs, passando pelo controle dos desembolsos de pagamentos de profissionais, compras efetuadas, até a prestação de contas e medição dos indicadores.
Também realizou um trabalho para padronizar os planos de trabalho executados a partir da criação do sistema pela empresa contratada pelo programa.
Com o Sistema Integrado de Controle e Avaliação de Parcerias (Sicap) mais inteligente tecnologicamente, foram revisados e aprimorados os indicadores já utilizados, que possibilitam melhorar a avaliação e acompanhar o cumprimento dos contratos.
O Sicap tem como objetivo auxiliar o monitoramento de prestação de contas econômico-financeiras e o cumprimento de metas assistenciais de contratos de gestão com Organizações Sociais ou outros arranjos contratuais, sob responsabilidade da Coordenadoria de Parcerias e Contratação de Serviços de Saúde (CPCS).
O novo sistema automatiza muitos processos manuais, fornece relatórios e dashboards mais aderentes à necessidade da SMS, trazendo celeridade ao processo de prestação de contas das instituições.
O Sicap fará a substituição de outro sistema (WebSAASS), implantado em 2011.
- Unificação da informação
- Sistema de Classificação de Risco Manchester
- Central de Medicamentos
- Funções de cada sistema
Com dezenas de sistemas em operação na rede de saúde que não conversam entre si, foi primordial unificar a teia que fazia os registros de cada unidade numa única plataforma.
O objetivo dessa ação levou em conta, principalmente, a necessidade de oferecer um serviço de saúde mais eficaz para melhorar a agilidade do atendimento com o registro de todos os dados do paciente num só lugar.
Desta forma, cada consulta ou atendimento realizado em qualquer unidade da rede municipal passou a ser visível no e-saúdeSP e no visualizador clínico municipal.
Na prática, a integração dos dados do paciente permitiu que tanto os profissionais de saúde como os próprios usuários possam ter acesso ao histórico de saúde. Uma inovação que melhora toda a assistência, diminui a realização de exames desnecessários e auxilia o médico a entender melhor o quadro do paciente conforme a linha do tempo do atendimento.
O aprimoramento do atendimento na saúde não poderia somente se concentrar na criação de novas unidades ou na dotação de equipamentos e mobiliários, e sistemas informatizados para gerenciamento e avaliação das rotinas de saúde.
Havia mais. A necessidade de selecionar, dentre as diversas modalidades de casos, aqueles que requerem uma atenção mais urgente, ou mais emergencial, e aqueles que podem esperar um pouco mais pelo atendimento.
A classificação de risco. Esse protocolo internacional foi desenvolvido e aplicado pela primeira vez em 1997, na cidade de Manchester, na Inglaterra.
Daí vem sua denominação: Protocolo de Manchester ou Classificação de Risco Manchester.
O Avança Saúde SP instituiu o Sistema de Gerenciamento da Rede de Urgência e Emergência, padronizando o Protocolo de Manchester como a metodologia de classificação de risco nas 61 portas de urgência e emergência da rede municipal de atenção à saúde.
O objetivo da classificação de risco nos serviços de urgência e emergência é organizar a ordem dos atendimentos, de acordo com o potencial de risco e gravidade clínica dos pacientes, garantindo o atendimento imediato do usuário com grau de risco elevado.
Com a metodologia, o paciente passa por uma triagem inicial antes mesmo de abrir sua ficha na unidade de saúde. Com a medição dos sinais vitais e respostas a algumas perguntas sobre seu estado de saúde, é identificado o grau de urgência necessário para receber socorro médico.
A Classificação de Risco responde a cinco critérios de gravidade, definidos por cores:
- Azul: Não urgente. É a classificação mais baixa, que envolve problemas simples. Assim, o paciente pode esperar até quatro horas.
- Verde: Pouco urgente, é indicado para os casos menos graves. O paciente pode esperar até duas horas.
- Amarela: Casos urgentes, nos quais a gravidade é moderada. O tempo de espera pode ser de 50 minutos.
- Laranja: Muito urgente. O paciente pode esperar no máximo 10 minutos para ser atendido. Aqui, o paciente também apresenta risco de morte, embora esteja um pouco mais estável que no estágio de maior gravidade.
- Vermelha: Significa emergência. O paciente deve ser atendido imediatamente. São os casos em que o paciente apresenta risco de morte.
Falar de saúde na capital de São Paulo sempre remete a números grandiosos e necessidades crescentes.
Imagine pensar na logística para a dispensação de medicamentos e insumos hospitalares para 1.036 equipamentos de saúde. São 471 UBSs, 26 UPAs, 27 hospitais, entre outras unidades para atendimento em saúde.
A Central de Distribuição de Medicamentos e Correlatos (CDMEC) da cidade de São Paulo opera com um universo gigantesco, com tecnologia de primeiro mundo, nos moldes dos grandes varejistas do e-commerce, como Amazon, Americanas.com e Mercado Livre.
A começar pelo espaço que abriga o serviço: 20 mil metros quadrados, distribuídos em 15 galpões. É o maior projeto unificado da América Latina exclusivo para dispensação de medicamentos em um único município.
Dali, saem todos os insumos e remédios para mais de 800 pontos de entrega, que ficam armazenados em mais de 21.800 espaços de paletes com caixas de produtos. Um estoque que abriga, em média, 4.300 itens.
Por mês, são quase 230 milhões de peças destinadas aos usuários do sistema de saúde municipal.
Tudo manuseado cuidadosamente por mais de 260 funcionários diretos e outros cerca de 50 indiretos, que operam uma verdadeira cidade de cuidados com a saúde.
A magnitude do CDMEC passou por uma significativa transformação nos últimos anos, com a chegada de aliados integrados ao seu sistema de gestão.
Por meio da tecnologia, por exemplo, as unidades de saúde conseguem fazer a reposição dos estoques eletronicamente.
Um ganho operacional e econômico, pois o próprio sistema indica quando deve ser feita nova solicitação.
E dá outras informações, como os locais onde existem determinados remédios e insumos, informação que pode ser consultada tanto pela unidade de atendimento, como pelos usuários que necessitam retirar seus medicamentos em farmácias públicas municipais.
As informações estão hospedadas na plataforma criada pelo Avança Saúde SP no Sistema de Gerenciamento de Suprimentos, que facilita o planejamento, o controle e a inteligência operacional de toda a estrutura.
“O sistema permite fazer essa análise de cada item por unidade de saúde, através de indicadores de consumo. A gente consegue ter um analista que monitora diariamente o nível de consumo de cada medicamento em cada unidade”, explica Izis Zumyara Mirvana D’Amico, diretora do CDMEC.
Entre os resultados obtidos com a transformação promovida pela modernização tecnológica, as estatísticas apontam para um aumento de 30% no número de usuários que passaram a retirar insumos e medicamentos na rede municipal, desde 2022.
Para se ter ideia da eficácia de toda essa engrenagem, no caso de algum incidente que provoque baixa total de um determinado tipo de insumo ou de boa parte do estoque em uma unidade de saúde, o reabastecimento é feito em 24 horas, destaca a diretora.
- Sistema de Gerenciamento de Suprimentos: ferramenta desenvolvida para gestão da SMS que permite administrar todo o processo de aquisição de insumos e medicamentos. Possibilita a centralização das compras, o controle dos estoques e até a redução dos preços, com os descontos que podem ser concedidos com as aquisições programadas e de maior volume.
- Sistema de Gerenciamento de Contratos Administrativos: permite acompanhar o fluxo dos contratos de prestadores de serviços próprios da SMS, como limpeza e segurança e, também, dos demais contratos firmados com a secretaria, por exemplo, serviço de laboratório para a rede. Além de otimizar o planejamento, diminui o risco da necessidade de contratos emergenciais; possibilita a padronização e facilita o processo de auditoria de todos os contratos administrativos.
- Sistema Integrado de Controle e Avaliação de Parcerias (SICAP): permite o acompanhamento integral dos contratos estabelecidos entre a municipalidade e as Organizações Sociais de Saúde (OSs), responsáveis pelo gerenciamento de um número expressivo de unidades públicas, como UBSs e UPAs. Transformou todo um processo que era feito manualmente, sem padrão único, para uma plataforma eletrônica padronizada, com normativa específica e mais transparente. Os dados e negociações ficam disponíveis em tempo real, o que permite mais agilidade na consulta das informações e operações.
- Sistema de Gerenciamento da Rede de Urgência e Emergência: informatização do processo de classificação de risco nas 61 portas de Urgência e Emergência, padronizado pela SMS como metodologia de classificação de risco (Protocolo de Manchester). Possibilita reduzir o tempo médio para classificação do atendimento ao paciente de sete para dois minutos, em média. Melhora a recepção e agilidade para encaminhamento dos casos mais graves, além de acelerar o fluxo interno nas unidades.







Entrevista
Mateus de Lima Freitas
Coordenador Setorial de Tecnologia da Informação e Comunicação
Como a tecnologia foi aplicada na melhoria do atendimento à saúde?
Foi uma ação para preencher uma lacuna no sistema público, trazendo a TI na área da assistência à saúde e na parte da gestão implantando facilitações para gerenciar os contratos, como os de fornecedores de suprimentos, de empresas prestadoras de serviços, a gestão das Organizações Sociais que prestam serviços nas unidades de saúde. Tudo num processo unificado, que permita a conversação entre os diversos sistemas.
Na prática, como essa sistematização tecnológica teve efeito positivo aos usuários dos serviços de saúde?
Teve um impacto decisivo na pandemia, quando foi necessário antecipar e acelerar uma alternativa para o atendimento à distância. A plataforma de teleassistência, implantada em 2020, foi fundamental para o atendimento de pacientes com Covid-19. Criamos também um repositório, o e-saúdeSP, que agrega todos os dados dos pacientes que são atendidos nas diversas unidades de saúde do município.
E nas unidades, o que agilizou o atendimento?
Houve a implantação da Classificação de Risco, o Protocolo de Manchester. Numa escala de cores que representam graus de urgência, o paciente passa por uma triagem inicial e é identificado com essa classificação. As cores, em ordem crescente por gravidade são: azul (baixo risco); verde (pouco urgente); amarela (urgência de gravidade moderada); laranja (muito urgente – espera 10 minutos); e vermelha (emergência – atendimento imediato). Implantamos também o atendimento híbrido: os pacientes classificados como baixo risco ou pouco urgente (azul e verde respectivamente) podem optar por ser atendidos por meio da telemedicina em um consultório digital dentro da unidade, reduzindo seu tempo de espera.